Reutilização do óleo de cozinha ajuda preservar o meio ambiente

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Óleo reciclado é utilizado na produção de outros produtos, como sabão ecológico e biodisel

Foto: Nayara Reynaud
Um litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água o equivalente ao consumo de uma pessoa por 14 anos. Além de prejudicar o meio ambiente, impermeabilizar o solo dificultando a absorção da água da chuva, entupir tubulações de esgotos e contribuir para a proliferação de baratas e ratos. A decomposição do resíduo no mar libera gás metano que colabora com o efeito estufa e o aquecimento global. O CH4 (metano) é considerado um forte poluente por reter mais radiação solar.

A iniciativa de reutilização do óleo de cozinha já existe oficialmente como medida governamental em alguns países como Bélgica, Holanda, França, Espanha e Estados Unidos diferente do Brasil. A partir do óleo reciclado, é possível fazer tintas, sabão ecológico, detergente, amaciantes, ração para animais, lubrificante automotivo e biodiesel. Os benefícios dessa prática são: a preservação dos lençóis freáticos, a diminuição do custo de descontaminação de redes de esgotos e de abastecimento.

De acordo com o portal Ambientebrasil, especializado em notícias do meio ambiente, no mundo apenas 1% do óleo consumido é reciclado e no Brasil esse número sobe para 18%. Muitas donas de casa, estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, lanchonetes ainda não sabem como descartar o óleo residual e acabam jogando na pia, ralo e vasos sanitários.

Há dez anos, a auxiliar de serviços gerais Márcia Silva Santos, de 48 anos, moradora do Campo Limpo, zona Sul de São Paulo, deu origem a uma ideia que surgiu na época da escola. No terceiro ano, depois de aprender nas aulas de Química sobre a reciclagem de óleo de cozinha usado, Márcia começou a produzir em casa sabão ecológico para o consumo interno.

“Gera renda, diminui o impacto social, contribui para a melhoria das condições de vida de nossa população mais carente, faz um grande trabalho de educação ambiental e mudança de paradigma ele tem muitas vantagens”, afirma a diretora do Bióleo, Teodora Tavares. Com o objetivo de diminuir o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado do óleo de cozinha usado e gerar renda para financiar projetos sociais destinados a famílias de baixa renda, nasceu o programa Bióleo que produz biodiesel desde 2009 a base de resíduos.

A estrutura de funcionamento da iniciativa tem como fundamento a logística reversa social, que conta com a mobilização de instituições sem fins lucrativos, de regiões pobres de São Paulo, que coletam e vendem o óleo. “Decidimos pelo óleo de fritura usado porque esse resíduo ainda não tinha um mercado definido como o papelão, o papel, a latinha e a pet. Por não ter viabilidade econômica e ninguém quer coletar, cerca de 70% do descarte inadequado desse resíduo é doméstico. Por isso resolvemos atuar nesse meio onde não tem ninguém atuando”, explica Teodora.

Para desenvolver o projeto, Teodora fez um estudo de mercado para ver qual seria a melhor maneira de reciclar o óleo de fritura. A descoberta foi de que a produção de biodiesel é um ramo de negócios em crescimento e com matéria-prima disponível em grande quantidade. Para ter noção, hoje, a ANP determinou uma mistura, obrigatória, de 5% de biodiesel com diesel fóssil, para que o diesel fóssil fique menos poluente. Essa porcentagem é pequena, mas faz anualmente mais de 2,2 milhões de litros de óleo serem consumidos, sendo que 80% do total é produzido de óleo de soja limpo. Atualmente 2 bilhões de litros de óleo de fritura usado são jogados no lixo em todo o país. Mas, se aumentar a mistura obrigatória para 10% de biodiesel, o não será necessário usar tanto óleo de soja limpo, beneficiando o meio ambiente.

“A produção média atual de biodiesel são cinco mil litros por mês. O que significa que 5 mil domicílios contribuem mensalmente para o programa, ou seja, quase 20 mil pessoas já estão mais conscientes sobre a sua responsabilidade socioambiental”, diz Teodora. O programa funciona como ponto de recepção e coleta de óleo. A renda obtida com a venda do resíduo que cada entidade recebe de sua comunidade serve para sustentá-la financeiramente. O biodiesel produzido pela ONG é vendido em leilão, de maneira regularizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Para o futuro, Teodora planeja que o projeto tenha a própria usina de biodiesel, quando houver maior volume de coleta, e pretende uma parceria com a SPTRANS, para abastecer os ônibus com biodiesel. Pensando em sustentabilidade e melhorias ao meio ambiente, se o projeto Bióleo conseguir ampliar sua atuação para os veículos de transporte público reciclagem de óleo será ainda mais vantajosa, e o ar ficará menos poluído.

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